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Conheça Conceição dos Ouros

   – Vista parcial de Conceição dos Ouros – Avenida Barão do Rio Branco – Vista parcial

Conceição dos Ouros, cidade do extremo sul de Minas Gerais, localiza-se a 22.41º de latitude Sul e 45.79º de longitude Oeste, na Serra da Mantiqueira onde ocupa área de 183,43 km2. O município é banhado pelos rios Sapucaí-mirim e Capivari e pelo Ribeirão dos Ouros que lhe dá o nome. Possui clima tropical de altitude, com temperatura média anual de 18 graus e vegetação natural constituída de trechos remanescentes da Mata Tropical de Encosta ou Mata Atlântica, destacando-se a Mata da Bexiga, na fazenda Chapada. Sua população de 10.388 habitantes (censo 2010) concentra-se na área urbana. O município é servido pela rodovia MG-173.

            O nome do município lembra o ouro de aluvião encontrado por bandeirantes paulistas num afluente do Sapucaí-mirim, batizado de Ribeirão dos Ouros. Achados arqueológicos em Conceição dos Ouros permitem afirmar que o local já era habitado por índios Tupis guaranis pelo menos há 200 anos antes do descobrimento do Brasil. 

1 – Serra Grande; 2 – rio Sapucaí-mirim e 3 – jovens abraçam o velho jequitibá da Mata da Bexiga

1 – Igreja Matriz de Conceição dos Ouros. 2 e  3 – vistas da Praça José Maria de Sousa

                                    História de Conceição dos Ouros

         As famílias pioneiras de Conceição dos Ouros se instalaram na fazenda das Dores, no início do século 19. O Oratório existente na fazenda não apresentava movimento regular, obrigando os fiéis a frequentar a igreja de Pouso Alegre. A situação já durava vários anos, quando o morador Félix da Motta Paes doou um terreno de doze alqueires na “Barra dos Ouros” – confluência do rio Sapucaí-mirim com o Ribeirão dos Ouros – e ali construiu uma capela modesta e provisória. A escritura de doação do terreno foi assinada aos 24 de abril de 1854 e em dezembro do mesmo ano o Padre João Dias de Quadros Aranha (foto ao lado) celebrou a primeira missa na Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Ouros. 

        O povoado em torno da capela se desenvolveu rapidamente e em 14 de março de 1860, Conceição dos Ouros foi elevada a Distrito de Paz. A população sentiu necessidade de construir uma capela maior. E novamente sob a liderança do Major Félix da Motta Paes, novo templo foi erguido com sólidas paredes de “taipa pilão” de mais de um metro de largura, em estilo simples, sem torres. A fachada principal da igreja voltava-se para o leste, – direção da fazenda do doador das terras do patrimônio, conforme seu desejo.

               Em 29 de março de 1862, a Capela foi declarada Curato, isto é, dirigida por um cura ou padre. A 02 de janeiro de 1866, Ouros tornou-se Distrito de Pouso Alegre e a 26 de junho do mesmo ano, transformou-se em Freguesiaou paróquia. Finalmente, aos seis de agosto de 1948, foi aprovada a Emancipação Política de Conceição dos Ouros. A Lei Estadual nº 336 que concedeu a emancipação foi promulgada em 27 de dezembro de 1948 e a instalação do município se deu no dia 1º de janeiro de 1949.  

Fotos históricas de Conceição dos Ouros

1 – À direita, residência de Major Félix, na Vila

2 – Preciosa fotografia da Praça da Matriz em que vemos a Capela de Taipa, os casarões da praça e o jardim cercado de arame.

3 – Vista parcial de Ouros. 

4 – Inauguração de ponte na fazenda Chapada. Da esquerda para a direita: Felícia, Gabriela (esposa de Domingos Rosa), Rosa Cimadon e outros familiares do Barão da Motta Paes.

Familiares do fundador Major Félix:

1 e 2  – Barão e Baronesa da Motta Paes

3 – Felícia Lemes Cabral, filha de Félix.

4 – Os filhos: Barão de Camanducaia, Cel. Lúcio, Segisfredo, o genro Joaquim Tomás de Oliveira Tito e o filho Dâmaso. (acervo José Tito Vieira)

1 – Passeata em 01 de janeiro de 1849 pela Instalação do Município (Emancipação Política)

2 – Praça da Matriz à época da Emancipação Política. Os casarões coloniais estão preservados. Onde hoje se encontra a Prefeitura Municipal, funcionavam as Escolas Reunidas Cel. José Otávio Rosa. Observe a famosa Árvore Grande que aparece atrás dos casarões, à direita.

3 Desfile de abertura de campeonato de futebol, 1948.

4 –  A cidade nos anos 60

Desenvolvimento socioeconômico

               Desde sua fundação, Conceição dos Ouros apresentou bom desenvolvimento socioeconômico, conforme atestam os casarões coloniais presentes tanto nas fazendas quanto na praça, as manifestações culturais e o espírito empreendedor revelado em meados do século 19 e que permitiu a instalação de fazendas agrícolas e de pecuária, a criação de pequenas indústrias e a movimentação dos tropeiros, em arriscadas viagens pelas trilhas das montanhas.

Casarão da Fazenda do Ribeirão do Carmo, construído por volta de 1830. Pertenceu ao Barão da Motta Paes. Trata-se do maior e mais antigo casarão do município. Em seus porões viviam numerosos escravos.

Nessa e nas demais fazendas ourenses  desenvolviam-se plantações de cana de açúcar, fumo, café, algodão e criação de suínos.

1 – Barão e Baronesa de Camanducaia. Foi proprietário da Fazenda Chapada, produtor rural e chefe político.

2 – Joaquim Pereira da Silva (agricultor), sua esposa Maria Januária e uma filha. (acervo Sebastião Ribeiro PA)

3 – Cel. Domingos Rosa, fazendeiro e chefe político.

O início da industrialização – A “vocação para a indústria” se manifestou ainda no século 19. Fabricavam-se fumo, rapadura e cachaça. A indústria se diversificou e expandiu com a instalação de fábricas de polvilho, móveis artesanais, aguardente, artefatos de gesso, confecções de roupas e calçados (tênis), produtos alimentícios e autopeças.

A Indústria do Polvilho Azedo – Durante muito tempo representou a maior fonte de renda do município. Surgiu no início do século 20 e garantiu a Conceição dos Ouros o título de “Capital Nacional do Polvilho”. O processo de fabricação é simples, quase artesanal e a tecnologia empregada foi desenvolvida pelos próprios produtores. Após a decantação do amido e a fermentação do produto obtido, o polvilho é levado para secar ao sol em jiraus.

A manipueira – água poluente e tóxica, resultante do processamento da mandioca – que antes poluía a água do rio e causava a morte de peixes, hoje é bombeada para terraços, em curvas de nível e utilizada para recarga do lençol freático e fertilização do solo. 

Ouros produz de 13 a 15 mil toneladas de polvilho azedo por ano em suas 20 fábricas. A cadeia produtiva emprega cerca de três mil trabalhadores. Também têm sido mais bem aproveitados subprodutos como a casca – utilizada para adubação e alimentação animal – e a massa resultante da moagem da mandioca, destinada à alimentação bovina.

Fábricas de Polvilho onde se destacam os jiraus com o produto exposto ao sol para secar

Indústria do Gesso – A produção de gesso em Ouros teve início em 1976 e hoje o município é considerado o maior produtor de placas e molduras decorativas de gesso do Sul de Minas. Encontram-se em atividade 150 fábricas que produzem 150.000 placas por dia ou três milhões de placas por mês. A cada mês as fábricas recebem do Nordeste 15.000 toneladas de gesso, o que representa 333 carretas de 45 toneladas. A cidade dispõe de operários especializados na instalação das placas e peças de acabamento em gesso.  A produção é vendida principalmente em São Paulo (capital e interior) e cidades do Sul de Minas. 

1 – Placas de gesso secando em estaleiros; 2 – Placas prontas para a venda.

Fábrica de Geleia Orgânica Engenho da Terra – a Fazenda Viveiro Bono, bairro Campo do Meio, cultiva 15 hectares de Atemoia, fruta muito apreciada in natura ou em forma de geleia.O proprietário ali instalou a Fábrica de Geleia Orgânica Engenho da Terra que produz 90.000 caixas de 4 quilos de geleia de diversas frutas. A produção é vendida em todo o Brasil e exportada para o Canadá.

Autopeças – Encontram-se em atividade em Ouros, duas indústrias de autopeças: a METAGAL Ind. e Com. Ltda. produtora de retrovisores para veículos VW e GM instalada em setembro de 1997 e a Delphi que inaugurou em abril de 2010 uma unidade  responsável pela montagem de sistemas de distribuição de energia elétrica, os chamados “chicotes elétricos”. Atualmente, a fábrica conta com mais de 600 funcionários.

           Funcionários da Delphi reunidos no pátio da empresa em Conceição dos Ouros

Empreendedorismo – Conceição dos Ouros é considerada município empreendedor. A Revista SEBRAE set. / out. de 2002 – no artigo “Conhecendo o Brasil Rural” de José Eli da Veiga, professor de Economia da FEA-USP e secretário do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, – aborda o tema o “Brasil Rural, aqui entendido como o subconjunto dos 4.485 municípios que, em 2000 tinham, simultaneamente, menos de 50 mil habitantes e densidade inferior a 80 habitantes por km2”.

               O professor chama a atenção para o fato de que: “o grosso das Micro e Pequenas Empresas pertencem ao setor terciário (prestação de serviços), inclusive nos municípios rurais”. Todavia, há municípios rurais com alto grau empreendedor nos quais a proporção de MPE do setor secundário (indústrias) é elevada”.

               E é justamente nesse destacado grupo, que Conceição dos Ouros aparece na décima posição nacional. No ano 2000 (ano em que a pesquisa se baseia), Conceição dos Ouros apresentava 383 MPE para uma população de 8929 habitantes. Ou seja: uma MPE para cada grupo de 23,3 habitantes, o que lhe garante o título de “município de alto grau empreendedor”. A distribuição dessas MPE pelos três setores foi a seguinte: setor primário: 2,6%; setor secundário: 34,7%; setor terciário: 62,7%. (Fontes: IBGE – Censo Demográfico e Datawarehause Sebrae / AOM).

(Texto de Mercedes Carvalho Campos)

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